
Estrogênios orais são amplamente utilizados em anticoncepcionais, terapias de reposição hormonal (TRH) e tratamentos para distúrbios menstruais e menopausa. Embora sejam eficazes para diversas condições, a forma como são administrados faz toda a diferença nos efeitos que exercem sobre o organismo.
O objetivo deste artigo é esclarecer os impactos dos estrogênios orais e fornecer informações para que você possa tomar decisões mais conscientes sobre sua saúde hormonal.
Como os Estrogênios Orais São Modificados para Resistir ao Sistema Digestivo?
Os estrogênios naturais, como o estradiol, são rapidamente degradados pelo sistema digestivo. Para garantir sua absorção, eles são quimicamente modificados:
- O estradiol é convertido em etinilestradiol (presente em anticoncepcionais) ou em formas conjugadas de estrogênios.
- Essa modificação aumenta sua estabilidade, mas também intensifica seus efeitos no fígado, alterando processos metabólicos importantes.

1. Aumento do Risco de Trombose:
Quando metabolizados pelo fígado, os estrogênios orais estimulam a produção de proteínas pró-coagulantes, aumentando a viscosidade do sangue e dificultando a dissolução de coágulos. Isso eleva o risco de trombose, especialmente em mulheres com predisposição genética.
Além disso, a metabolização do estrogênio gera compostos como a 16-alfa-hidroxiestrona, que tem ação proliferativa e pode criar um ambiente inflamatório no organismo.
2. Impacto no Perfil Lipídico:
Os estrogênios orais afetam o metabolismo das gorduras no fígado, levando a:
- Aumento dos triglicerídeos;
- Redução do HDL (colesterol “bom”), principalmente quando combinados com progestinas de segunda ou terceira geração;
- Produção de metabólitos que intensificam o estresse oxidativo e inflamação.
3. Aumento da SHBG (Globulina Ligadora de Hormônios Sexuais):
A SHBG é uma proteína hepática que regula a quantidade de hormônios sexuais livres no sangue. O uso de estrogênios orais aumenta a produção de SHBG, reduzindo os níveis de testosterona livre. Isso pode resultar em:
- Redução da libido;
- Menos energia e força muscular;
- Impacto negativo na composição corporal.
4. Sobrecarga Hepática e Inflamação:
Os estrogênios orais sobrecarregam o fígado, levando a:
- Elevação das enzimas hepáticas (ALT, AST, GGT);
- Aumento da proteína C reativa (PCR), marcador de inflamação sistêmica;
- Estímulo à produção de VLDL, resultando em maior concentração de gorduras circulantes.
Para mulheres com predisposição a doenças hepáticas ou resistência à insulina, essa sobrecarga pode piorar ainda mais o metabolismo.
5. Redução da Biodisponibilidade de Outros Hormônios:
O fígado regula não apenas o estrogênio, mas também a progesterona, testosterona e DHEA. Os estrogênios orais aceleram a metabolização desses hormônios, levando a:
- Redução da progesterona, causando desequilíbrio entre estrogênio e progesterona;
- Diminuição da testosterona livre (intensificada pelo aumento da SHBG);
- Interferência na conversão de DHEA em andrógenos e estrogênios, afetando a síntese hormonal.
Consequências:
- Ciclos menstruais irregulares e TPM severa;
- Dificuldade para ganhar massa muscular;
- Alterações de humor, ansiedade e fadiga crônica.
6. Impacto no Intestino e Microbiota:
Uma parte dos metabólitos do estrogênio é excretada na bile e chega ao intestino, onde pode ser reabsorvida. O problema é que o estrogênio oral altera a microbiota intestinal, favorecendo bactérias que aumentam a produção da enzima beta-glucuronidase. Isso leva a:
- Maior recirculação do estrogênio no organismo;
- Inflamação intestinal e permeabilidade aumentada (intestino permeável);
- Agravamento de condições como TPM, endometriose e doenças autoimunes.

Alternativas Mais Seguras:
Se você utiliza estrogênios orais, não precisa parar imediatamente, mas é importante conhecer opções que minimizam os impactos negativos. As melhores alternativas incluem:
- Estrogênios transdérmicos (géis, adesivos e cremes):
- Absorvidos pela pele, entram direto na circulação, sem sobrecarregar o fígado.
- Menos impacto na coagulação, SHBG, perfil lipídico e microbiota intestinal.
Conclusão:
A forma de administração do estrogênio faz uma grande diferença nos efeitos do hormônio sobre o corpo. Estrogênios orais podem ser práticos, mas estão associados a impactos metabólicos e hormonais que nem sempre são desejáveis.
Se você tem histórico familiar de trombose, doenças cardiovasculares, endometriose ou resistência à insulina, vale a pena discutir com seu profissional de saúde a possibilidade de mudar para opções transdérmicas.
Agora me conta: você já sabia que a via de administração fazia tanta diferença? Deixe seu comentário abaixo!